Ping-Pong com a gerente do ILBJ

*Entrevista publicada no caderno de Thais Bezerra 

Há quanto tempo você está diretora do ILBJ? 
Valéria Freire – Iniciei no ILBJ como assistente de consultoria em 2006 junto com Dr. Ronaldo Linhares. Nessa época foi construído o projeto institucional/pedagógico com fundamentados voltados para infoinclusão social dos adolescentes e jovens. Simultaneamente se consolidava práticas pedagógicas inovadoras e criativas a partir da formação específica direcionada ao educador social. Esta era uma prioridade para que fosse criada uma identidade de ‘educador social’ em nossos professores e assim poder prestar um serviço socioeducativo de qualidade. Voltei em 2011 como diretora, para consolidar o que havíamos plantado em 2006, as sementes plantadas precisavam ser oxigenadas, era necessário inovar, atualizar e resignificar todo o ILBJ. Assim passamos por um processo de melhorias físicas, pedagógicas e qualificação da mão de obra de modo geral, mexemos com todas as estruturas da instituição mantendo como princípio fundante a sua missão: Contribuir para o desenvolvimento humano de adolescentes e jovens sergipanos por meio de ações socioeducativas voltadas para a preparação para o trabalho, infoinclusão social e o exercício pleno da cidadania.
Depois de passados 10 anos como concebe o Instituto Luciano Barreto Júnior?
VF – Há 10 anos Luciano Júnior sonhou e desenhou um espaço aprendente e cidadão, capaz de oportunizar aos jovens a empregabilidade através da informática, não se tratava apenas de uma visão empreendedora de um jovem empresário, mas sobretudo, uma visão humana, de alguém que percebeu desde muito cedo a necessidade de a sua empresa provocar um impacto socioeducativo sobre a sociedade,  tornando-se um importante agente transformador da realidade. Sonhar um sonho e fazer com que aconteça quando não mais estamos aqui, é termos a certeza de que a energia direcionada e empreendida para a realização deste projeto foi divina. Após 10 anos o ILBJ cumpre o seu papel, cumpre o seu destino e serve ao propósito ao qual foi criado: incluir socialmente adolescentes e jovens vulnerabilizados pelas desigualdades sociais e econômicas. O ILBJ é um projeto social, mantido exclusivamente pela Construtora Celi, esta tem por princípios de empresa cidadã constituir no ILBJ um projeto de excelência, capaz de suprir – às devidas proporções – algumas carências que hoje a escola formal não dá conta. A paisagem que se insinua entre 2003 e 2013 é a de um projeto social que tem um início bastante original já que nessa época havia uma grande valorização da informática como ferramenta essencial para o mercado de trabalho e para os demais setores, além de sua aplicabilidade na área educativa. 
Qual o maior e mais significativo desafio do ILBJ para efetivar seu trabalho de inclusão social?
VF – O grande desafio do ILBJ, hoje, é se constituir espaço de inclusão de fato, democrático que viabilize o acolhimento daqueles que têm na instituição a possibilidade de mobilidade social, cultural e econômica. A construção que o ILBJ faz hoje em seus processos de inclusão vem ganhando diferentes contornos e especificidades ao longo desses 10 anos de criação e mais especificamente nos últimos três anos, após obviamente processo de maturidade hoje reconhecida. Nesse sentido, o desenvolvimento das ações socioeducativas promovem o diálogo e a internacionalização de experiências por nós desenvolvidas, assim como levamos para a pauta de nossa agenda discussões que conduzem ao conhecimento mútuo dos respectivos temas mais significativos na vida de nossos adolescentes e jovens: Direitos Humanos, Juventude, Trabalho infantil, violência, mercado de trabalho.
Qual o diferencial do ILBJ que faz com que seja tão disputado pelos jovens sergipanos?
VF – Acredito que o trabalho sério, comprometido e responsável desenvolvido pela equipe do ILBJ é nossa maior ferramenta de persuasão, apresentamos resultados em todas nossas ações. Há dois anos mantemos a evasão entre 16% e 16.7%, o que em se tratando de projeto social é baixíssimo, nas análises dessa evasão está constatado que os motivos mais citados na desistência do projeto é por acesso ao primeiro emprego e por este motivo incompatibilidade de horário. Há de salientar que em nosso projeto não existe bolsa-auxílio, o adolescente e jovem se mantém durante os dez meses de desenvolvimento do projeto ancora “Conectando com a Vida” por interesse de estar mobilizado a aprender. O ILBJ busca a todo o momento transformar seu projeto em uma grande ação que seja prazerosa, mobilizadora, transdisciplinar, transformadora, fomentando nesses adolescentes e jovens o prazer de inquirir, questionar, responder, ponderar, tolerar. Inovação e criatividade têm sido palavras chaves em nossos processos de atualização.
Como avalia o ano de 2013 para o ILBJ?
VF – Desde 2011 implementamos um processo severo de mudanças, como já foi dito, e em 2013 podemos dizer que iniciamos a consolidação dessas mudanças, constatadas a partir das mais variadas avaliações fomentadas durante todo o ano. Avaliamos tudo que fazemos em instâncias que vão desde o jovem, o colaborador, o desenvolvimento de nossas ações até o aprender e o saber do jovem, quando este entra no início do projeto e quando sai ao final de 10 meses. Assim, as avaliações nos servem de comparação para as ações e de parâmetro para nossa melhoria no futuro. 2013 foi um ano de muitas realizações, enviamos mais de 300 jovens para o primeiro emprego, concretizamos algumas parcerias que nos dar ‘braços legais’ para a solução de problemas de nossos adolescentes e jovens que não estão ao nosso alcance, o projeto ‘Conectando com a Vida’ em 2013 sofreu algumas mudanças qualitativas significativas ao instituirmos metodologias criativas e inovadoras em seus processos. Trabalhamos seis subprojetos, seis oficinas e desenvolvemos um projeto chamado ‘Portas Abertas’ que é direcionado aos pais dos jovens e o Despertar para o Conhecimento para os operários de obra da Construtora Celi, todos voltados para a alfabetização informacional.
Quais as novidades para o ano de 2014?
VF – 2014 será um divisor de águas para o ILBJ em termos de uso pedagógico da tecnologia, estamos inserindo em nosso processo de aprender a Lousa Interativa. Adquirimos 11 Lousas Interativas que serão disponibilizadas nos três laboratórios de informática, nas oito salas de aula e no auditório. Além disso, estamos com uma agenda sociopolítica na qual o ILBJ participará a nível nacional, de temas direcionados a juventude no qual se insere o Conselho Nacional de Juventude e secretaria estadual, UNICEF, Corte Interamericana de Direitos Humanos (escritório da corte no Brasil), Fórum Nacional e Estadual de Prevenção e Erradicação do Trabalho Infantil entre outras ações voltadas para juventude de âmbito federal e estadual.
Quando acontece a formatura e o que ela representa para os jovens do ILBJ?
VF – A formatura esse ano acontece no dia 28 de janeiro às 19h no Espaço EMES. Esta é, para os adolescentes e jovens, a materialização dos 10 meses em que estiveram em movimento aprendente nos nossos espaços, inseridos no ‘Conectando com a Vida’. Nesse sentido, a formatura é marcante tanto para os jovens como para seus familiares. Para a Construtora Celi é o momento em que apresenta à sociedade o resultado de um trabalho que hoje se constitui referência de responsabilidade social no estado, na região e no Brasil.